quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

O que o eua quer e ensina sobre o Brazil

EUA “tomam” a Amazônia Livros didáticos adotados por escolas norte-americanas mostram o mapa brasileiro sem a Amazônia e o Pantanal, e o Brasil é mostrado como reino da violência, tráfico, ignorância e um povo sem inteligência Desde meados dos anos 80 a mais importante floresta do mundo passou a ser responsabilidade dos Estados Unidos e das Nações Unidas. É a chamada Prinfa (Primeira Reserva Internacional da Floresta Amazônica), e sua fundação se deu pelo fato de a Amazônia estar localizada na América do Sul, uma das regiões mais pobres do mundo e cercada por países irresponsáveis, cruéis e autoritários. Fazia parte de oito países diferentes e estranhos, os quais, na sua maioria, são reinos da violência, do tráfico de drogas, da ignorância, e de um povo sem inteligência e primitivo”. O sentimento que temos é, no mínimo, de indignação, ao ler esse texto que pode parecer a introdução de um livro de ficção, mas é pura realidade: está em livros didáticos adotados por escolas norte-americanas, com o título “Uma Introdução à Geografia”, mostrando o mapa brasileiro sem a Amazônia e o Pantanal. Ora sendo divulgada pela Internet por iniciativa de Celso Santos, da Editora Abril (Revista Casa Cláudia), surpreendentemente a denúncia – também encaminhada, já, a pelo menos 15 senadores – não tem tido a repercussão devida. No máximo, mereceu três linhas no jornal “O Estado de S. Paulo”, na edição de 24 de maio de 2004, quando uma brasileira que vive nos EUA fez a denúncia. Brasileiros que moram nos EUA e têm filhos menores estudando naquele país, também já mostraram sua indignação com o fato, mas apenas em conversas com parentes no Brasil. Em resumo, sob o pretexto de que Brasil e vizinhos são países “pobres, ignorantes, fontes de tráfico e violência”, o que não deixa de ser real, os Estados Unidos estão se apossando da Amazônia e do Pantanal brasileiros, como estão agindo também no Iraque, invadido, se sabe, para que os EUA se tornem donos das imensas reservas petrolíferas daquele país, numa ação sob pretexto de “combater o terror”. Num texto que beira o deboche, o livro didático norte-americano “Introdução à Geografia”, do autor David Norman, utilizado na Junior Highschool (equivalente à 6ª série do 1º grau brasileiro), prossegue afirmando que “a criação da Prinfa foi apoiada por todas as nações do G-23 e foi realmente uma missão especial para nosso país e um presente para o mundo todo, visto que a posse destas terras tão valiosas nas mãos de povos e países tão primitivos condenariam os pulmões do mundo ao desaparecimento e à total destruição em poucos anos”. Cabe perguntar: e o que fizeram os Estados Unidos com as suas imensas florestas, das quais hoje restam apenas alguma “ilhas” verdes? No texto à direita da borboleta, na ilustração que publicamos, lê-se: “Podemos considerar que esta área tem a maior biodiversidade do planeta, com uma grande quantidade de espécimes de todos os tipos de animais e vegetais. O valor desta área é incalculável, mas o planeta pode estar certo de que os Estados Unidos não permitirão que estes países latino-americanos explorem e destruam esta verdadeira propriedade de toda a humanidade. Prinfa é como um parque internacional, com severas regras para exploração”. Observemos: além da biodiversidade de plantas e animais, que já vem sendo fartamente explorada pelos EUA e países da Europa através de “missões” plantadas na Amazônia brasileira ou até de reservas indígenas cuja sede ficam em Paris (?), a Amazônia tem incalculáveis fortunas em petróleo, diamantes (deste, tem uma reserva que só perde para a África do Sul, maior produtor mundial), urânio e muitos outros minerais de extremo valor. Portanto, mais uma vez a intervenção imperialista norte-americana faz uma maquiagem simpática no seu processo de apropriação das riquezas mundiais, para que o império sobreviva mais tempo. Senado mudo e de braços cruzados Pelo menos 15 senadores da República Brasileira já receberam a carta a seguir, demonstrando a indignação nacional, escrita e enviada por Plinio Robson A Panse, diretor-comercial da Excellence Logística Internacional, cuja matriz funciona em São Paulo. Mas sem qualquer resposta mais séria até o momento: “Senador, “Houve quem duvidasse de que nos Estados Unidos havia mapas do Brasil sem a Amazônia. Pois vejam a página deste livro, no anexo, onde a Amazônia é dita como da responsabilidade dos Estados Unidos e das Nações Unidas, pois ela está localizada na “... América do Sul, uma das regiões mais pobres do mundo”, é parte de “... oito países diferentes” e “estranhos”... irresponsáveis, cruéis e autoritários..., povos cruéis, tráfico de drogas”, e o “... povo é inculto, ignorante”...”, podendo...” causar a morte do mundo todo dentro de poucos anos...”. “É só conferir na página 76 do livro didático norte-americano ‘Introdução à Geografia’, do autor David Norman, utilizado na Junior Highschool (equivalente à 6ª série do 1º grau brasileira) anexo a esta. “Isso explica a “Operação Colômbia”, as tropas americanas (80 mil homens!) no Suriname, a apropriação da base aérea (da FAB) de lançamentos de Alcântara, a intenção dos Estados Unidos de colocar um escritório da CIA na tríplice fronteira (Foz do Iguaçu), e a implementação de duas bases militares na Argentina, uma na Patagônia e outra próxima a Buenos Aires. Ou seja, a Amazônia está cercada, sitiada por forças americanas, que garantirão a posse da região a qualquer hora dessas. Essa notícia eu havia escutado há mais ou menos oito anos atrás, em uma palestra, proferida pelo professor J.W. Batista Vidal, da Universidade de Brasília e Universidade Federal da Bahia”. “Como já foi mostrado (ou justificado?) que a ‘guerra’ contra Osama Bin Laden (de quem não se tem a mínima prova de que tenha realizado os ataques de 11 de setembro) e o Talibã é muito mais uma questão de passar um oleoduto pelo Afeganistão (para tirar o petróleo russo do Mar Cáspio), que o Talibã não concordava, é de uma clareza solar os motivos dos Estados Unidos na sua pretensão de “pacificar” a América do Sul, e de “combater” o narcotráfico na Colômbia, enviando para lá imenso arsenal e 100 mil homens! Alguns indícios bem claros de que os EUA estão prontos para tomar conta da América do Sul, e mais especificamente do nosso riquíssimo Brasil, podem ser vistos no artigo: “A Presença Militar dos Estados Unidos na América Latina”, de Maria Luisa Mendonça, jornalista, diretora da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos e membro da coordenação do Grito dos Excluídos Continental. Alguns trechos: 1.“Em 2003, o ex-chefe do FBI no Brasil, Carlos Alberto Costa (português), revelou a influência dos serviços secretos dos Estados Unidos no país: ‘Nossas agências doam milhões de dólares por ano para a Polícia Federal, há anos, para operações vitais. No ano passado, a DEA doou uns US$ 5 milhões, a NAS (divisão de narcóticos do Departamento de Estado) doou uns US$ 3 milhões, fora os outros. Os Estados Unidos compraram a Polícia Federal. A verdade é esta: a vossa Polícia Federal é nossa, trabalha para nós.” 2.“Outra forma de controle por parte dos Estados Unidos é a instalação de mecanismos como o Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), um projeto de 1.4 bilhão de dólares, realizado pela empresa norte-americana Raytheon, com capacidade de monitorar 5,5 milhões de Km2. O SIVAM prevê ainda a compra de aviões de guerra, como o Tucano A-29. Na Argentina, o Pentágono também planeja criar o Plano Nacional de Radarização, como parte de um Sistema Internacional de Vigilância”. 3.“Essa escalada militar fortalece a indústria bélica norte-americana. Por exemplo, a estrutura da Base de Manta, com capacidade de controlar o espaço aéreo em um raio de 400 Km2, está sob a responsabilidade da empresa DynCorp, acusada de envolvimento com a CIA. A Base de Manta será equipada com grandes jatos E-3 Awacs, com caças F-16 e F-15 Eagle, para controle da região Amazônica, do Canal do Panamá e da América Central. Outras empresas bélicas e de tecnologia militar, como a Raytheon e a Northop, tiveram um aumento de 50% em seu lucro no ano passado”. 4.“Em entrevista à revista Carta Capital, o ex-chefe do FBI no Brasil, Carlos Alberto Costa, admitiu que nunca se comprovou a existência de atividades terroristas na Tríplice Fronteira: ‘Investigamos exaustivamente, nós, a CIA, os serviços secretos dos países, e não conseguimos comprovar a existência de células terroristas ali’. Porém, organizações locais denunciam a presença de agentes norte-americanos na patrulha de áreas estratégicas como os rios da região. Essa deve ser a principal razão da presença estadunidense, pois na Tríplice Fronteira está localizado o Aqüífero Guarani, considerado o maior reservatório de água doce do mundo, com 1,2 milhão de km2. Recentemente, o Banco Mundial e a Organização dos Estados Americanos (OEA) criaram o Projeto de Proteção Ambiental e Manejo Sustentável do Aqüífero Guarani com orçamento de 27 milhões de dólares. O principal objetivo do projeto, que impede a participação de universidades e deverá ser executado por empresas estrangeiras, é estudar formas de utilização da água e do potencial energético da região”.

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