segunda-feira, 26 de outubro de 2009

'Ashar' chega hoje para tentar primeira gravidez com sucesso


A primeira fêmea dos 16 animais cedidos por Espanha a Portugal, ao abrigo do programa conjunto dos dois países, chega hoje ao Centro de Reprodução de Silves, proveniente de Jerez de la Frontera. Até agora, as tentativas para que desse à luz falharam. Especialistas acreditam que o centro do Algarve terá condições para ajudar a salvar a espécie.
Chama-se Ashar, tem cinco anos, e é a primeira de um lote de 16 linces-ibéricos - cinco fêmeas e onze machos - cedidos por Espanha a Portugal. Nunca se reproduziu com sucesso devido ao" stress urbano". Mas os especialistas têm esperança de que possa ainda dar um contributo à reintrodução desta espécie na natureza no País. Chega hoje.
A sua partida estava marcada para as 13.45 de hoje (12.45 em Portugal) , do Parque Zoológico de Jerez de la Frontera, na Andaluzia. Se tudo correr normalmente na viagem, com escalas em Sevilha e Vila Real de Santo António, estará a meio da tarde no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves.
A "escoltá-la" seguiu uma equipa de técnicos, incluindo uma bióloga, e o presidente do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB), Tito Rosa, que fez questão de acompanhar a primeira "moradora" do centro de Silves, inaugurado em Maio.
Ashar (Flor Branca, em árabe) nasceu na natureza, e os especialistas acreditam que foi sobretudo devido ao "stress urbano" que as suas "gravidezes" anteriores não resultaram. "Do ponto de vista médico, não há nenhuma razão para que não consiga reproduzir-se", assegurou ontem ao DN Tito Rosa.
Em Silves, explicou, Ashar vai passar a viver "no melhor centro" já construído para esta espécie, ficando instalada "num cercado com uma área considerável, com vegetação mediterrânica", e contando com "acompanhamento permanente de técnicos especializados e veterinários".
Falta a companhia que, segundo o presidente do ICN, "começa a chegar já na próxima semana", estando previsto que "até final de Dezembro cheguem os restantes 15 animais, de várias proveniências".
Desde a década de 1980 que o lince-ibérico não é avistado na natureza em Portugal. O ICNB tem já em recuperação três áreas "na serra da Malcata, no Guadiana e na zona de Barrancos" onde estão a ser criadas condições para a sua reintrodução, que passam "pela introdução de vegetação mediterrânica e coelho bravo", mas também "do contacto com a população, incluindo agricultores e caçadores", para a conquistar para o projecto. Se tudo correr bem, dentro de no mínimo três anos o lince voltará a viver livre em Portugal.


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