O crocodilo ficou-lhe muito grato e prometeu que se lembraria para sempre da sua bondade. Disse ao rapaz que se alguma vez quisesse viajar que deveria chegar-se à beira do mar e chamar por ele, que o ajudaria.
Algum tempo depois, o rapaz lembrou-se da promessa do crocodilo. Foi à beira do mar e chamou o crocodilo três vezes. O crocodilo disse ao rapaz que se sentasse nas suas costas e durante anos viajaram.
Embora o crocodilo e o rapaz fossem amigos, o crocodilo continuava a ser um crocodilo e sentiu uma vontade irresistível de comer o rapaz. Mas isto incomodava-o e decidiu pedir conselhos a outros animais. Perguntou à baleia, ao tigre, ao búfalo e a muitos outros animais, todos lhe disseram “O rapaz foi bom para ti, não o podes comer.” Acabou por ir visitar o macaco sábio. Depois de ouvir a história, o macaco praguejou e desapareceu.
O crocodilo sentiu-se envergonhado e decidiu não comer o rapaz. Em vez disso levou o rapaz nas suas costas, e juntos viajaram até o crocodilo ser velho. O crocodilo sentiu que nunca poderia retribuir a bondade do rapaz e disse-lhe, “Em breve morrerei e formarei uma terra para ti e para todos os teus descendentes”.
O crocodilo transformou-se na ilha de Timor que ainda hoje tem a forma de um crocodilo. O rapaz teve muitos descendentes que herdaram as suas qualidades de bondade, amizade e sentido de justiça. Hoje, o povo de Timor chama “Avô” ao crocodilo, e quando atravessam um rio gritam sempre, “Crocodilo, sou teu neto – não me comas!”
Timor é uma ilha sedimentar com 30.777 km² localizada na região de Wallacea, área biogeográfica de transição entre as massas continentais da Ásia e da Austrália; Timor-Leste ocupa 18 mil km² da parte oriental da ilha.
É aqui que se encontra o segundo ponto mais alto de todas as ex-colônias portuguesas, o Monte Tatamailau com 2.963 m de altitude, que significa "Avô de todos" no dialeto Mambai.
Após as recentes escavações na gruta de Lene Hara, em Tutuala (O’CONNOR; SPRIGGS; VETH: 2002) conseguio-se datar a ocupação humana desde há cerca de 35.000 anos
Ja nos anos 50 a Missão Antropológica de Timor (chefiada por António de Almeida) havia já levado a cabo diversos trabalhos de prospecção e escavação de sítios arqueológicos.
Data desta época a identificação e registo da gruta de Ile Kére Kére, importante sítio com pinturas rupestres em Tutuala inicialmente publicado por Ruy Cinatti.
Pintura rupestre em Ile Kére Kére, Tutuala. Fotografia: Daniel Groshong.
Uma zona que ainda nos vai trazer muitas alegrias...