terça-feira, 30 de junho de 2009

Desporto em Portugal

O texto seguinte é retiradas do livro «Jogo Sujo», de Fernando Mendes e Luís Aguilar.

«Em determinado período da minha carreira cheguei a um clube que tinha uma grande equipa, um belíssimo treinador e um presidente carismático. Para além destas qualidades, existiram outros ingredientes que facilitaram o nosso percurso vitorioso. Devo dizer que antes de ir para este clube nunca tinha tido qualquer experiência com doping (pelo menos conscientemente)»

«Os incentivos para correr eram sempre apresentados pelo massagista. Passado pouco tempo de estar no clube, ele aproximou-se de mim, e de outros novos jogadores (...) Disse-me claramente que aquilo que ia dar-me era doping, embora nunca tivesse falado de eventuais efeitos secundários. (...) Com o passar do tempo assumi os riscos e tomei doping de todas as vezes que me foi dado. (...) Nunca vi um único colega insurgir-se perante essa situação»

«No meu tempo, o doping era tomado de duas formas: através de injecção ou por recurso a comprimido. Podia ser antes do jogo, no intervalo, ou com a partida a decorrer, no caso daqueles que saíam do banco (...) A injecção tinha efeito imediato, enquanto os comprimidos precisavam de ser tomados cerca de uma hora antes do jogo»

«Em alguns clubes onde joguei tomei Pervitin, Centramina, Ozotine, cafeína, entre muitas outras coisas das quais nunca soube o nome»

«Cada jogador tomava uma dose personalizada, mediante o seu peso, condição física ou última vez que tinha ingerido a substância (...) Porém, nos jogos importantes era sempre certo (...) Quando se sabia que não iria haver controlo antidoping, nunca falhava»

«Lembro-me de um jogo das competições europeias contra uma equipa que tinha três campeões do mundo no seu plantel. Um deles era um poderoso avançado no jogo aéreo. (...) Apanhei-o várias vezes no meu terreno de acção. Ele era um armário, com um tremendo poder de impulsão. Mas nesse dia eu saltei que nem um louco e ganhei-lhe quase todas as bolas de cabeça (...) O meu segredo: uma pequena vacina, do tamanho de meia unha, chamada Pervitin»

«Em certos treinos víamos um ou dois juniores que apareciam para treinar connosco. Esses juniores não estavam ali porque eram muito bons ou porque tinham de ganhar experiência. Estavam ali para servirem de cobaias a novas dosagens. Um elemento do corpo clínico dava cápsulas ou injecções com composições ilegais a miúdos dos juniores (...) Diziam-lhes que eram vitaminas e que a urina era para controlo interno»

«Se um jogo fosse ao domingo, o nosso médico sabia na sexta ou no sábado quais as partidas que iriam estar sob a tutela do controlo antidoping. Mal tinha acesso à informação, avisava todo o plantel e o dia de jogo acabava por ser directamente influenciado por essa dica»

«Em determinada temporada (...) sou convocado para um encontro particular da Selecção Nacional. (...) Faço uma primeira parte fantástica, mas ao intervalo começo a sentir-me cansado e tenho medo de não aguentar o ritmo (...) O jogo realiza-se num estádio português (...) Estão lá um médico e um massagista de um clube onde jogo (...) No intervalo, peço a esse médico para me dar uma das suas injecções de doping. Saio do balneário da Selecção, sem que ninguém se aperceba, e entro numa salinha ao lado. É aí que me dão a injecção pedida por mim. Volto a frisar que ninguém da Selecção se apercebeu»




Não e dificil adivinhar o clube...

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Garganta do Cabo

Mais um fim-de-semana passado, desta vez com a retoma dos trabalhos na Garganta do Cabo, se há gruta que não me deixa indiferente é esta, ate porque foi a primeira grande gruta onde entrei.
Aqui fica um excerto do DVD feito por o (CEAE-LPN) em 2008:


E um excerto da minha primeira visita a Garganta do Cabo:

Para quem gostou aqui fica o link para o download do DVD:

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Morcegos garantem conservação dos livros

"Centenas de morcegos vigiam diariamente duas das mais antigas bibliotecas de Portugal, na Universidade de Coimbra e no Palácio de Mafra. É a sua habilidade para capturar insectos que assegura a preservação dos livros.
Os morcegos são o único mamífero capaz de voar e só o fazem de noite, emitindo sons de alta frequência inaudíveis ao Homem e que dificultam a observação e estudo das 26 espécies deste animal que se sabe que existem em Portugal.
Numa noite do ano passado, Jorge Palmeirim, investigador de aves e morcegos na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, apetrechou-se com equipamento para medição sonora e deslocou-se à biblioteca Joanina de Coimbra para tentar perceber que morcegos continuavam a usar os abrigos daquele espaço, onde estão instalados há mais de 200 anos.
“Não consegui ver, só ouvir, mas cheguei à conclusão, pelos excrementos que encontrei, que estão lá pelo menos duas espécies de morcegos”, conta o professor.
Em todo o país, e além de Coimbra, só se conhece um outro abrigo de morcegos em bibliotecas, no Palácio de Mafra, supondo-se que a preferência da espécie por estes espaços possa estar relacionada com o revestimento antigo de madeira.
“Os morcegos são também muito conservadores nos abrigos. Têm tendência para repetir por várias gerações os mesmos locais de abrigo e preferem edifícios antigos”, explica Jorge Palmeirinha.
Em Coimbra existem documentos com cerca de 200 anos que comprovam a compra, nesse tempo, de peles semelhantes às que ainda hoje a biblioteca Joanina utiliza para, diariamente , cobrir mesas antigas de forma a protegê-las dos excrementos dos morcegos.
“Os morcegos habitam na biblioteca desde que há memória. As mesas da biblioteca são protegidas com peles todas as noites, porque são também antiguidades, e os morcegos circulam livremente, comendo os insectos”, diz o director da biblioteca da Universidade de Coimbra, Carlos Fiolhais.
Em Mafra também são os morcegos, e as boas condições climatéricas proporcionadas pelas paredes altas e a madeira do século XVIII, que explicam o “óptimo estado de conservação” dos livros, segundo a responsável pela biblioteca, Teresa Amaral.
Um morcego pode devorar 500 insectos por dia e, por isso, ninguém questiona que durante a noite se ausentem das bibliotecas para caçar. Estas entradas e saídas são facilitadas pelas fendas e orifícios comuns nas bibliotecas antigas.
“Uma pequena colónia de dez morcegos come um quilo de insectos por noite. Imagino quantos insectos são precisos para um quilo..”, comenta Jorge Palmeirim.
Das 26 espécies destes mamíferos que habitam em Portugal, e que representam várias centenas de milhares de morcegos, as que vivem nas grutas são as mais ameaçadas.
“Durante anos as grutas foram bloqueadas por pastores para proteger as suas ovelhas e também por pessoas que estigmatizavam a espécie' porque os morcegos são muitas vezes associados a bruxaria, conta Jorge Palmeirim.
Também os pesticidas da agricultura, por contaminarem insectos ingeridos por morcegos, têm sido responsáveis pelo decréscimo de algumas espécies."
Notícia distribuída pela Lusa